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Harley Davidson FXDR: a máquina de produzir torque

Seguindo com as inovações dos últimos anos, no final de 2018, a Harley Davidson lançou a FXDR, um modelo totalmente novo e que, mesmo dentro da “família” softail, bem que poderia ser a primeira de uma linha completamente nova. Seu nome traz a sigla FXD, pertencente às extintas e consagradas Dynas, mas as semelhanças acabam por aí.

A FXDR foi uma criação voltada totalmente para performance e vem com um design muito diferenciado. Seu estilo lembra uma dragster, bem alongada, com um pneu traseiro massivo (240mm) praticamente sem para-lama e sem banco de garupa de fábrica.

Para gerir e controlar toda essa performance, vem com um motor de 114 ci (1868 cc) extremamente potente e um filtro de ar gigantesco que você ouve perfeitamente sugando uma imensa quantidade de ar para o coração desta moto, além de um escapamento 2 pra 1, garfos invertidos e freios duplos na frente para conseguir parar toda esta potência. Também utiliza um sistema de suspensão traseira semelhante ao das novas softails, mas com um quadro bem diferente. Entraremos neste assunto na análise de pista da moto.

No evento Moto do Ano, da Revista Duas Rodas, tive a oportunidade de pilotar este monstro no Haras Tuiuti. Na primeira impressão, pensei que teria dificuldades em realmente testar seus limites, pois a FXDR sai de fábrica com comandos bem avançados e um guidão sem pullback algum, ou seja, uma posição ideal para pilotos altos, com 1,80m ou mais.

Depois de pilotar por alguns metros, me adaptei facilmente e estava confiante em testar a moto ao extremo. Vale mencionar que, caso seja necessário, com todos os acessórios oferecidos pela Harley, é possível torná-la muito mais confortável para pessoas de menor estatura.

Apesar de mais ágil nas curvas do que eu esperava, provavelmente seu design não foi imaginado para circuitos como o Haras Tuiuti, onde existem algumas curvas de alta velocidade, mas também outras bem mais fechadas e lentas. Nas de alta velocidade, a moto não deixa nada a desejar, já que proporciona uma pilotagem ágil o suficiente para não exigir esforço extra do piloto.

No entanto, nas situações em que o traçado é mais fechado, esta máquina de torque tende a “brigar” um pouco com o piloto. Por conta do largo pneu traseiro, há uma tendência de ela permanecer em pé e deitar menos do que o desejado para essas curvas de baixa. Para contornar essa situação, a dica é utilizar a técnica do pêndulo, o que vai deixar a pilotagem muito mais fácil e ágil.

O segredo é o piloto “deitar” o corpo junto com a moto, ou seja, utiliza-se mais o próprio peso para fazer a curva do que o contra-esterço, deixando o piloto em uma posição de pilotagem muito mais adequada para estas situações. Pessoalmente, uso esta técnica em todo tipo de moto: sport, big trail, touring e, principalmente, na minha Dyna!

A exceção para o uso da técnica do pêndulo está nas manobras em baixa velocidade, em que o guidão vira no mesmo sentido da curva, sem contra-esterço. Neste caso, portanto, o corpo trabalha contrariamente à moto para compensar. Caso você não conheça estas técnicas mencionadas, com certeza vale a pena fazer um curso de pilotagem, pois se sentirá muito mais confiante em todas as diferentes situações.

Quando a moto finalmente chega em uma reta, basta torcer um pouco a manopla direita para você realmente perceber toda a potência de seu motor, o mesmo Milwaukee Eight 114 que está nas tourings 2019. Com o detalhe que a FXDR tem apenas uma fração do peso delas. O quadro possui componentes de alumínio, como a balança traseira, pensando justamente em melhorar a relação peso x potência. Fora a V-rod, ela é a Harley mais potente que eu já pilotei. Com certeza, este canhão deve brilhar em uma pista de ¼ de milha, algo que eu adoraria testar!

No geral, ela traz uma pilotagem extremamente divertida para percursos bem variados e um pouco mais curtos. Provavelmente, quando a Harley concebeu a FXDR, não tinha em mente uma moto para longas viagens, ao contrário da maioria dos modelos de sua linha. Se você estiver em São Paulo, sugiro um passeio pela estrada dos Romeiros para poder comprovar minha percepção.

Os acessórios disponíveis até o momento focam em performance e estética, com alguns itens voltados ao conforto: uma pequena bolha, guidão menos avançado, risers maiores e um pequeno banco para o garupa. Com o tempo, provavelmente novos acessórios voltados a aumentar o conforto serão desenvolvidos. Mas, sejamos honestos, esta não é a principal proposta desta máquina de geração de torque.

Existe uma percepção que a FXDR foi concebida pensando em atrair os apreciadores da extinta linha V-rod. Hipótese esta que, para mim, faz muito sentido, por conta de semelhanças no estilo e da grande potência das duas máquinas. Mas também vejo uma moto feita para elevar a percepção de potência e performance atribuídas às Harleys “convencionais” e, com isso, atrair um público que gosta do estilo esportivo/naked.

Este novo modelo também atende às necessidades de um público apreciador de algo diferenciado, pois, apesar de ser considerada uma softail, é completamente diferente de todas as motos desta consagrada “família” e, com certeza, será o centro das atenções por onde passar! Com certa dose de criatividade, pode também ser customizada para se destacar ainda mais! Recomendo bastante a FXDR para quem procura diversão na pilotagem, torque e um estilo fora do convencional!

Assistam ao vídeo abaixo do meu test-ride para terem uma pequena noção de como é pilotar esta máquina!

Texto e fotos: Gui Foster
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4 comentários sobre “Harley Davidson FXDR: a máquina de produzir torque

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