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Na estrada com o conforto da Ultra Limited 2020

Texto: Gui Foster (@duasrodaspelomundo)| Fotos: Caio Guitton (@caioguitton) e Kadu Pinheiro (@kadupinheiro_roadpics)

Quando falamos em testar uma moto como a Ultra Limited, da Harley Davidson, é necessário ir muito além do corriqueiro passeio de alguns quilômetros. É fundamental colocar à prova a proposta da moto, que é pegar a estrada, viajar e se perder por esse mundão afora. Para sair da teoria e ir à prática, fiz um bate e volta de 1.000 quilômetros entre São Paulo e Capitólio, em Minas Gerais, e vou passar pra vocês todas as minhas impressões sobre essa máquina. Mas, antes de começar, gostaria de deixar registrado meu agradecimento à Harley Davidson do Brasil, por terem topado esse teste um pouco mais arrojado e me cedido o atual modelo 2020 da Ultra Limited.

Já tenho certa familiaridade com a linha touring da montadora norte-americana, tanto é que, no começo deste ano, fiz um review da Road Glide Special. Mas a realidade é que a Ultra Limited apresenta ainda mais conforto. Na primeira impressão, todo seu tamanho pode intimidar. Afinal, estamos falando de uma moto imponente, com sua carenagem batwing (morcegão), tour pack, alforjes e 416 kg de peso. No controle do guidão, a coisa muda de figura. Trata-se de uma moto muito fácil de pilotar em todas as condições. Meu único alerta vai para o momento de estacionar – é preciso usar a força das pernas para manobrá-la. Aí os mais de 400 kg vão cobrar seu preço, principalmente se você estiver em uma ladeira, por menor que seja a inclinação.

Voltando ao que interessa, que é o comportamento na estrada, um ponto muito forte é o motor Milwaukee Eight 114 (1868 cilindradas). Como registrado no meu review da Road Glide Special, o aumento de 107 para 114 faz toda a diferença. Pilotando na velocidade de cruzeiro, a 120 km/h, não é necessário descer uma marcha sequer para fazer ultrapassagens. Mesmo na sexta, a entrega de torque (16,6 kgfm) é suficiente. Também não tive problemas com a temperatura do motor na estrada, já que a refrigeração a água deu conta do recado. No trânsito, a Ultra Limited conta com uma tecnologia que desliga o cilindro traseiro quando está parada, gerando menos calor. De qualquer maneira, como estamos falando de um motor de combustão interna, não existe mágica. A moto irá gerar calor no trânsito de uma cidade como São Paulo. Convenhamos, trata-se de um detalhe, já que a proposta da Ultra Limited é viajar – e não ser uma moto utilizada no dia a dia. 

No quesito conforto, na minha opinião, pouquíssimas motos conseguem se equiparar com a Ultra Limited. Desde a grande proteção contra o vento que o morcegão e as caneleiras proporcionam até o assento muito confortável tanto para o piloto quanto para a garupa. Durante meus 1.000 quilômetros de bate e volta, em nenhum momento senti desconforto e pude focar apenas em aproveitar a jornada. Quando cheguei em casa, estava pronto para outra! E, claro, conforto é um fator muito importante em viagens longas, em que se roda muito todos os dias. Não estar cansado no dia seguinte torna a experiência toda muito mais prazerosa. Se quiser aumentar ainda mais o conforto, veja abaixo algumas opções adicionais nas “possibilidades de customização”.

VÍDEO REVIEW

Por falar em viagens longas, com toda a capacidade do tour pack e alforjes, é possível levar bagagem suficiente para sua jornada tranquilamente, independentemente de quão ambicioso for seu plano de conquistar novos territórios. Caso necessite de mais bagagem ainda, é possível colocar uma pequena mala em cima da grelha do tour pack. Só fique atento às limitações de peso total. Essencial também lembrar que, ao aumentar a bagagem, é necessário ajustar a suspensão – uma tarefa muito simples que pode ser realizada apenas retirando-se os alforjes. No que se refere a diversão e performance, a proposta dessa máquina não é acelerar nas curvas e raspar as pedaleiras de tanto deitar. Mesmo assim, a ciclística me surpreendeu quando passei por trechos sinuosos. É possível se divertir, apesar das dimensões avantajadas deste modelo touring.

A central multimídia é a mesma que avaliei na Road Glide Special. No entanto, devido à configuração da carenagem, ela fica muito mais próxima do piloto, facilitando a operação. Continuando no “cockpit” da moto, senti falta dos compartimentos laterais que a Road Glide possui. Fora o local para celular, não existe espaço para armazenar nenhum outro item, enquanto na Road Glide consegui guardar troco para o pedágio, óculos escuros e até minha câmera GoPro.

Inovações

Já mencionei na matéria da Road Glide Special as modificações que abrangem toda a família touring da Harley Davidson, mas vale recapitular. O chamado sistema Reflex de direção defensiva é um conjunto de tecnologias que visa a melhorar a pilotagem. A moto conta com sensores que indicam sua posição (quando está em uma curva, por exemplo), proporcionando um melhor balanceamento dos freios. Entre os itens estão:

  • ABS otimizado para curvas (C-ABS): como o nome diz, é feito para equilibrar a frenagem nas curvas. O freio deve ser evitado ao máximo nessas condições, porém, sabemos que, de vez em quando, é necessário acioná-lo. A tecnologia ajuda na estabilidade da moto nessas situações. Em nenhum momento durante minha viagem tive que usar o freio com intensidade nas curvas. No entanto, é um ótimo item de segurança.
  • Freios vinculados: item que utilizei bastante e funciona quando um dos freios é utilizado de forma isolada. A frenagem é distribuída nas pinças em ambas as rodas, aumentando a eficiência do sistema. Isso é bem perceptível quando apenas o freio traseiro é utilizado e, mesmo assim, a dianteira da moto também desce, comprovando seu funcionamento.
  • Controle de tração: tecnologia que pretende evitar a derrapagem da roda traseira. Além do sistema padrão, existe o modo chuva. Quando acionado, a linha de torque se torna mais linear, evitando a aceleração brusca como normalmente acontece. Devido à chuva com que me deparei durante o percurso, pude testar esta função. É perceptível a mudança na curva de torque da moto, deixando o piloto mais seguro nessas condições adversas. Se desejar, é possível desligar o controle de tração como um todo.
  • Assistente de ladeira: foi provavelmente a novidade que mais utilizei. É muito fácil de acionar. Quando parado e no neutro, basta pressionar o freio (dianteiro ou traseiro) até sentir uma vibração. Nesse momento, o painel indica que a tecnologia foi acionada e a moto não se mexe independentemente da inclinação. Para desabilitar, basta pressionar o freio novamente ou engatar a primeira marcha e sair. Veja no vídeo como funciona a tecnologia.
  • Sistema de monitoramento de pressão dos pneus: funcionalidade que não utilizei muito. Na unidade de medida da moto, a pressão dos pneus é marcada em quilo pascal (kPa). Só que as bombas em nossos postos de gasolina são marcadas em libras. Para visualizar a pressão nessa unidade, mais familiar para a gente, é necessário modificar o sistema inteiro da moto. Fazer isso até que é fácil. O problema são as alterações que vêm junto, já que modifica também as unidades de velocidade e distancia para milhas – o que pode gerar confusão. Se a pressão do pneu cair abaixo do recomendado, o computador de bordo irá te avisar.

VEJA NOSSA AVALIAÇÃO DA ROAD GLIDE SPECIAL

Possibilidades de customização:

Normalmente, os proprietários da família touring não têm como principal foco uma completa customização, que poderia modificar totalmente o estilo da moto. Portanto, vou focar em pequenas mudanças relacionadas a performance, conforto e estilo.

Performance:

Para melhorar o desempenho da moto, sugiro trocar as ponteiras e filtro de ar. Para uma moto da linha touring, muito focada em viagens longas, acredito que ponteiras são o suficiente. Diferentemente da Road Glide Special, em que sugeri um escapamento 2 em 1 para maior performance e estilo, minha recomendação é o modelo Hi-Output, da Vance & Hines, pois, além de uma ótima performance, também tem um estilo que complementa a grandeza da Ultra com suas saídas de 4,5 polegadas. Em relação ao filtro de ar, manteria o componente original, apenas colocando um elemento lavável como K&N.

Conforto:

Para as viagens mais longas, eu recomendo um encosto do piloto. Um acessório que irá aumentar o suporte nas costas e proporcionar um maior conforto em distâncias maiores. A garupa da Ultra já é bem confortável, apenas adicionaria um porta-copos. Dessa maneira, é possível levar uma garrafa de água para se hidratar durante o percurso.

Estilo:

Nesse caso, estamos falando de estilizações simples, como troca de manopla, plataformas ou acessórios puramente decorativos. Recomendo escolher uma linha e seguir o tema, evitando uma “salada” de estilos de acabamentos que comprometerão a beleza da moto. A Ultra Limited é repleta de peças cromadas, portanto eu continuaria nesse tema e escolheria itens da linha “Defiance Chrome Collection”.

Considerações Finais:

A família touring da Harley Davidson tem um proposito claro: cair na estrada. Portanto, para mim, a Ultra Limited se mantém fiel à proposta e não deixa nada a desejar em relação às concorrentes do segmento. Se você busca conforto em suas jornadas, pode ter certeza de que isso não faltará com essa máquina. E a boa notícia é que também irá se surpreender no quesito diversão quando, no meio do caminho, encontrar uma serra repleta de curvas.

Ficha Técnica:

  • Motor Milwaukee-Eight 114
  • Cilindrada 1.868
  • Comprimento 2.600 mm
  • Altura do assento 740 mm
  • Distância entre eixos 1.625 mm
  • Distância mínima do chão 135 mm
  • Capacidade de combustível 22,7 L
  • Peso seco 399 kg
  • Preço – a partir de R$119,800 (consultar concessionária para preço atualizado)

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