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Royal Enfield Himalayan: demorou pra chegar, mas veio pra ficar!

No dia 22 de janeiro, a Himalayan, trail de média cilindrada da Royal Enfield, foi oficialmente lançada no Brasil. Trata-se de uma moto voltada para expandir o portfólio da marca indiana por aqui para além dos modelos clássicos. Tive a oportunidade de participar do evento, que contou com uma coletiva de imprensa e um dia inteiro de Test Ride, e relatarei um pouco para vocês!

Principal aposta da Royal Enfield no Brasil, a Himalayan, mesmo em sua versão básica, já vem bem completa e com um excelente custo-benefício. Por R$ 18.990, você leva para casa uma moto fácil de pilotar, apta para enfrentar diversos tipos de terrenos e com baixo custo de manutenção.

Certamente, um dos destaques é o novo motor LS410. Ao contrário do que é comum no mercado, ele foi projetado e desenvolvido do zero, especialmente para a Himalayan, em vez de ser aproveitado de outra plataforma existente. Desta maneira, foi possível construir um propulsor que realmente atende a todas as necessidades da moto tanto em terrenos irregulares como em estradas. Segundo os engenheiros da marca, trata-se de um motor durável, robusto e econômico — e sua principal característica é disponibilizar o máximo de torque em baixas rotações, algo que eu pude constatar no test ride. Destaque também para o baixo custo de manutenção, com troca de óleo do motor a cada 10 mil km, ou seja, a cada duas revisões periódicas (estas, com intervalo de 5 mil km).

E qual é grande o diferencial da Himalayan? Normalmente, motos do segmento Trail de maior cilindrada causam certa intimidação em novos pilotos, devido ao grande porte, altura do banco e altíssima potência, entre outros fatores. Isso, de fato, não acontece com a máquina da Royal Enfield, que transmite confiança para pilotos de diferentes níveis de habilidade de pilotagem.

De tudo um pouco: Test Ride na terra, na estrada e na trilha

Agora, vamos à etapa que todos nós mais esperamos, o TEST RIDE! O evento aconteceu na fazenda Montanhas do Japi e cada piloto teve sua própria moto, sem necessidade de revezamento. O dia foi dividido em duas partes: pela manhã, testamos a moto em estradas de terra, em percursos asfaltados com menos movimento e finalizamos na rodovia. Na parte da tarde, foi feita uma rota para testar as capacidades off-road em uma trilha!  

Após um café da manhã, tivemos um briefing técnico sobre a moto e o percurso que faríamos e saímos da fazenda no sentido da Estrada dos Romeiros, em um percurso em vias de terra. Neste tipo de terreno, a Himalayan se comportou muito bem. Inclusive, na maior parte do trajeto, pude permanecer sentado sem problemas, pois as suspensões dianteiras e traseira deram conta do recado e me deixaram bastante confortável. No entanto, caso prefira pilotar em pé, o tanque de gasolina tem o design feito para você encaixar suas pernas e gerar maior segurança. Ambos os freios também funcionaram com muito sucesso, já que em momento algum me senti inseguro, mesmo com o ABS traseiro sendo acionado em algumas situações. No teste, também fiz questão de passar em todas as partes enlameadas da estrada (como vocês podem conferir nas fotos, a minha moto era a mais suja) e pude comprovar que os pneus mistos apresentaram uma boa aderência tanto na terra como na lama.

Mas será que a Himalayan aguentou meu teste de curvas? Após este trajeto por estradas de terra, chegamos na Estrada dos Romeiros, uma rota sinuosa muito conhecida pelos motociclistas da região de São Paulo. Quem me conhece sabe que eu adoro pilotar em percursos com a maior quantidade de curvas possível, portanto, lá, consegui realmente testá-la neste quesito.

O veredicto é que ela possui ótima ciclística para curvas de baixa e média velocidades e não “briga” com o piloto. O fato de ter um controle central facilita bastante para controlar a inclinação ao deitar a moto. Dica: lembre-se de pilotar com as pontas dos pés na pedaleira e não com o meio, como muitas pessoas fazem; desta maneira, você tem um controle maior da moto. Esta técnica é ensinada em cursos de pilotagem, algo sempre muito útil, independente do seu nível. Caso tenha alguma dúvida, também é só me perguntar.

Quanto à retomada na saída de curva, o desempenho é até um pouco melhor do que se esperaria de uma moto de 410 cilindradas, até por conta da disponibilização máxima de torque logo em 3,5 mil rpm. Isto também ajuda na entrada de curva, uma vez que não é preciso entrar com o motor tão cheio quanto em outras motos de cilindrada equivalente.

Não senti nenhum problema de aderência dos pneus mistos, mesmo sendo bem agressivo a ponto de raspar a pedaleira algumas vezes durante o percurso. Meu único ponto de atenção seria o cavalete central da moto, que, dependendo da maneira como você pilota, também pode raspar nas curvas — algo que aconteceu comigo e provocou uma vibração um pouco mais intensa do que a simples raspada da pedaleira no asfalto. Mas, para isto acontecer, você tem que inclinar bastante a moto na curva. De qualquer maneira, mesmo nesses casos, não senti qualquer insegurança na pilotagem, sempre lembrando que este é um ponto de atenção nos modelos Trails com cavalete central além do pezinho.

A Himalayan na Estrada

Seguimos até o final da Estrada dos Romeiros, onde finalmente pegamos uma rodovia para testar o potencial em velocidades mais altas, algo que será necessário em viagens longas. A moto não apresentou problemas em manter uma velocidade média entre 110 km/h e 120km/h. Mais do que isso, você enfrentará certa dificuldade, principalmente em trechos com subidas, descidas, curvas, etc. Vale lembrar que eu estava sem garupa e nenhuma bagagem, portanto, tal performance pode ser afetada com a moto carregada para uma viagem mais longa. O para-brisa de série me ofereceu proteção suficiente contra o vento, porém, uma pessoa com mais de 1,80m estará menos protegida. O conforto aparece no banco da moto, macio o suficiente para proporcionar uma pilotagem agradável na estrada. Já o tanque de 15 litros oferece uma autonomia média de 400 km, mais do que suficiente para viagens de longas distâncias.

Na trilha também não deixa nada a desejar

Após a parada para o almoço e já com as energias recuperadas, foi a hora de testar a moto no off-road. Para isso, fizemos duas trilhas que ficavam dentro da própria fazenda. A primeira tinha um grau de dificuldade mais baixo, pois era relativamente aberta e sem muitos obstáculos no trajeto. O ponto mais difícil foi a primeira subida. Porém, bastou manter uma rotação por volta de 3500 rpm em primeira marcha que a moto não apresentou nenhuma dificuldade. Os pneus mistos deram conta do recado novamente, mesmo em trechos onde a grama estava bem alta, quase na altura da moto.

Nas descidas, algumas vezes senti o freio traseiro acionar o ABS. Após corrigir um pouco a distribuição da frenagem utilizando mais o freio dianteiro, não tive mais este problema. Dica: nas trilhas, a posição do piloto é muito importante para facilitar a condução; durante todo o trajeto, permaneci em pé, jogando meu peso pra frente da moto nas subidas e para trás nas descidas — técnica simples que ajuda bastante! A segunda parte do off-road apresentou maior grau de dificuldade, com subidas mais íngremes, curvas mais fechadas e valetas maiores. Mesmo assim, a Himalayan teve uma ótima performance nestas condições. No final, havia uma área aberta onde pudemos nos divertir um pouco nos barrancos. Dependendo da velocidade, dava até para saltar com a moto. Claro, não perdi a oportunidade e aproveitei, inclusive testando bastante a suspensão traseira, que foi bem e não gerou impacto seco de fim de curso. Em suma, a Himalayan entrega o que promete e é uma motocicleta simples e capaz de ir a qualquer lugar.

Segue o vídeo que reúne todas estas observações:

Detalhes e especificações

A moto está disponível na cor Granite (um cinza bem escuro) e Snow. Ambas vêm com gráficos com o nome estilizado da moto em diversas partes, como para-lamas traseiro e dianteiro, tanque de gasolina e laterais. De série, a moto traz para-brisa, lanterna de LED, protetor de cárter, protetor do tanque de gasolina e um painel completo, com todas as informações necessárias (conta giros, bússola eletrônica e indicador de gasolina, entre outras). Alguns opcionais, como alforjes de alumínio e protetor de motor, também estão disponíveis.

Planos para o mercado brasileiro

Sediada em Chennai, sul da Índia, a Royal Enfield iniciou sua produção de motocicletas em 1901. No início, o foco era a produção de veículos versáteis, que atendiam bem às necessidades militares e também civis, para passeio. A Himalayan mantém a tradição de versatilidade. O projeto teve início com a ideia de produzir uma motocicleta capaz de percorrer a famosa cordilheira dos Himalaias e também ser versátil o suficiente para trafegar no trânsito de uma cidade. O lançamento mundial ocorreu em 2016, porém, devido às burocracias e dificuldades para homologação, seu lançamento no Brasil acontece apenas agora.

Como estratégia global, a Royal Enfield planeja expandir as vendas na América Latina e no Sul da Ásia, com o Brasil sendo o principal mercado em potencial. E a maior aposta da montadora é justamente a Himalayan, que, em alguns mercados, responde por metade das vendas. Algo que espera que aconteça no Brasil devido ao potencial do produto e ao mercado pouco competitivo no segmento Trail de média cilindrada. Atualmente, a marca possui apenas uma loja no Brasil, localizada em São Paulo, mas que também comercializa motos para outros estados.

Os planos para expansão em 2019 são agressivos. A montadora indiana planeja abrir cerca de dez concessionárias no País, abrangendo cidades como Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro, entre outras. Caso os planos ambiciosos de expansão das vendas se concretizem, há possibilidade de abertura de uma fábrica no Brasil para montagem das motos, o que facilitaria bastante a operação.

Abaixo seguem as especificações técnicas da moto:

Motor:

Tipo                                       Monocilíndrico, refrigerado a ar 4 tempos

Cilindrada                             411cc

Diâmetro x Curso                 78mm x 86mm

Taxa de Compressão           9.5:1

Potência Máxima                 24.5 BHP (18.02 KW) @ 6500 RPM

Torque Máximo                   32 Nm @ 4000-4500 RPM

Sistema de ignição             Ignição Eletrônica Digital

Embreagem                          Multidiscos Banhados a Óleo

Transmissão                         5 Marchas

Lubrificação                         Carter úmido

Sistema de Combustível     Injeção Eletrônica de Combustível

Sistema de Partida              Elétrico

Chassi:

Tipo                                        Berço duplo, desmontável

Suspensão dianteira           Telescópica, 41mm de diâmetro, 200mm de curso

Suspensão traseira             Monoamortecida com link, 180mm de curso

Distância entre eixos          1465mm

Distância do Solo                220 mm

Comprimento                      2190 mm

Largura                                 840 mm

Altura do Assento              800 mm

Altura Total                         1360 mm (com o para-brisa)

Capacidade do tanque       15 +/- 0.5 lts

Peso seco                              185 kg

Freio e Pneus:

Pneu dianteiro                    90/90 – 21”

Pneu traseiro                       120/90 – 17”

Freio Dianteiro                    Disco com 300 mm de diâmetro

Freio Traseiro                      Disco com 240 mm de diâmetro

ABS                                        ABS de Duplo canal

Texto e fotos: Gui Foster / divulgação Royal
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