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Honda ADV é a scooter que foge do tradicional

Texto e fotos: Gui Foster (@duasrodaspelomundo)

Não é nenhum segredo que o segmento de scooters cresce cada vez mais no Brasil. Em 2019 (último ano “normal”), as vendas aumentaram 20% em relação ao ano anterior. Devido ao tamanho e consumo reduzidos, elas são uma ótima opção para o deslocamento nos grandes centros urbanos. Alguns anos atrás, a Honda lançou a X-ADV, um modelo que possuía capacidades mais próximas das de uma África Twin do que de uma scooter tradicional. Foi um sucesso! Atendendo a pedidos, a empresa de compartilhamento de motos 4ride, por exemplo, acrescentou duas unidades à frota. Graças à boa acolhida do mercado e visando a ganhar terreno nesse segmento, a fabricante japonesa lançou a irmã menor da X-ADV, que desembarcou no Brasil como ADV. Fiquei com a scooter por uma semana e consegui testar todas suas capacidades.

Explorando novos terrenos com a ADV

Primeiramente, é importante destacar que, com exceção de pequenas voltas no quarteirão, eu nunca havia pilotado uma scooter. Portanto, foi uma experiência bem interessante – e algumas vezes também engraçada, devido às diferenças nos comandos. Como sabem, scooters não têm marcha, e a alavanca da manopla da mão esquerda, onde estaria a embreagem em uma moto tradicional, aciona o freio traseiro.

Com quase 20 anos acostumado a sempre acionar a embreagem na mão esquerda, vocês podem imaginar que, de forma automática, acionei algumas vezes o freio traseiro com a força da embreagem. O susto foi grande. Depois de algumas situações inusitadas, consegui ajustar minha memória muscular e, aí sim, realmente aproveitar a ADV. Na cidade, como era de se esperar, a scooter da Honda se saiu muito bem! Trafeguei sem nenhum problema pelos corredores de São Paulo na hora do rush. O freio, com ABS somente na roda dianteira, foi um dos destaques, por conta da capacidade de parar a ADV rapidamente quando necessário. A carenagem da moto, apesar de um pouco diferente em relação a outros modelos de cilindrada semelhante, não trouxe nenhum problema no trânsito. Só se prepare para muitas perguntas, pois o visual diferenciado torna a ADV o centro das atenções.

Detalhes da Honda AVD

Teste dos Romeiros

Mesmo em se tratando de uma scooter, cuja proposta é trafegar em vias de velocidades reduzidas, como as de centros urbanos, não resisti em pegar a estrada com ela. Afinal, é o ambiente em que estou mais acostumado. Aproveitando a desculpa de verificar como a ADV se comporta nas curvas, fiz o clássico teste dos Romeiros. Na estrada, constatei que a velocidade máxima fica por volta de 105km/h no plano, variando um pouco na subida e descida.

Chegando nas curvas, a primeira coisa que chamou a atenção foi a falta de freio motor, algo que, em uma moto tradicional, auxilia muito na entrada de curva. Depois dos primeiros quilômetros, me adaptei com o uso apenas dos freios para ajustar a velocidade. Com esse ajuste em mente, foi possível desfrutar, com tranquilidade, de toda a sinuosidade da famosa Estrada dos Romeiros. Pilotar scooter na estrada é uma experiência bem diferente em relação a uma moto. Além da mencionada maior utilização do freio, scooters são muito mais sensíveis a todo e qualquer movimento do corpo. É preciso se acostumar a isso também.

Como a proposta da ADV é a capacidade de enfrentar diversos tipos de terrenos, não pude evitar de enfrentar um off-road nas estradas vicinais. Evidentemente, ela não foi feita para encarar uma trilha de alto grau de dificuldade, mas o modelo da Honda se saiu muito bem no teste – tanto no quesito suspensão (Showa na traseira) como na aderência, uma vez que é equipado com o pneu Metzeler Tourance, encontrado em diversas Big Trails. Sem dúvida, posso falar que a ADV foi aprovada no teste dos Romeiros.

Além da suspensão e dos pneus, outros itens que me chamaram a atenção foram chave de presença, painel totalmente digital – e bem completo, com todo tipo de informação –, para-brisa ajustável e, claro, o visual único!

Customização

Normalmente, gosto sempre de falar sobre customização nas motos que testo. Na ADV, o único item que eu adicionaria é um baú traseiro, já que meu capacete (ok, eu sei que é gigante, número 65) não coube embaixo do banco.

Preço

Um dos pontos que, provavelmente, vai gerar mais discussão sobre a ADV, o preço de tabela é de R$ 17.900. Sem dúvidas, um valor alto em comparação às demais scooters da categoria. Mas vale lembrar que ela possui componentes que não são encontrados em nenhum outro modelo do mercado, à exceção da irmã maior X-ADV, que está em uma categoria acima. Toda comparação de preços de mercado deve levar também esse fator em consideração, não? O que você acha?

Teste Ride da Honda ADV

Considerações finais

Após pilotar a ADV por São Paulo, entendi a razão do crescimento do segmento. Os componentes que possibilitam o tráfego em terrenos acidentados são o maior atrativo, seja em uma aventura em uma estrada de chão batido ou enfrentando o asfalto de uma cidade como São Paulo, que muitas vezes lembra um trajeto off-road. Recomendo a ADV tanto para quem está iniciando no mundo duas rodas como para aquela pessoa que já tem moto de estrada e procura algo mais ágil para o dia a dia.

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